EMAGRECIMENTO: O MITO DO EXERCÃCIO AERÓBICO
Autor: Rodrigo Dias Carvalho1
Orientador: Viviel Rodrigo José de Carvalho2
RESUMO
Este trabalho analisa através do consumo máximo oxigênio de indivÃduos
sedentários e ativos do sexo masculino e feminino as nuances metabólicas e
hormonais chaves no controle do dispêndio energético durante atividades fÃsicas de
caráter aeróbico, preconizadas nas faixas de intensidades mais utilizadas com o
objetivo de emagrecimento, tentando demonstrar a baixa efetividade na utilização da
gordura como substrato primordial de suprimento energético de tais atividades. A
maioria das analises de gasto calórico e utilizações de gordura são demonstradas
eficientes quando em valores relativos, quando através de cálculos matemáticos se
produz a realidade absoluta do gasto suprido através da gordura, todas essas
atividades se tornam ineficientes para o propósito a que foram designadas. A
metodologia utilizada para elaboração deste artigo foi pesquisa bibliográfica em
material já elaborado, constituÃdo principalmente de livros e artigos cientÃficos.
Palavras-chave: Emagrecimento. Sedentarismo. ExercÃcio aeróbico.
1. INTRODUÇÃO
O homem pré-histórico obtinha seus alimentos através da caça e coleta de
frutos silvestres, tinha caracterÃstica alimentar onÃvora. O clima era totalmente
inóspito e com pouca oferta de alimento, e seu metabolismo foi adaptado a essa
rotina durante milhões de anos. Percorria se longas distancias para se obter pouco
1 Graduado em educação fÃsica, pós-graduado em musculação e personal training pela ESEFM, pós graduando
em nutrição clinica e esportiva pela UNIS/MG. E-mail: [email protected]
2 Graduado em enfermagem, pós-graduado em enfermagem do trabalho pelo UNIS/MG, mestre em ciências da
saúde pela USF/SP. E-mail: [email protected]
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ou quase nenhum alimento. Foi nesse entremeio que o tecido adiposo adquiriu suas
nuances metabólicas que se perpetuam até os dias atuais.
Com o advento da agricultura a mais de 10000 AC, o homem deixou de ser
nômade se estabelecendo em regiões férteis ao cultivo de grandes extensões de
terra e de criação animal.
Inicia se ai um processo irreversÃvel de grande aumento da oferta de
alimentos, diminuição do gasto energético e um grande aumento populacional.
Depois da revolução industrial todo esse processo é potencializado, adicionando
mais um fator que depõe contra o metabolismo que foi forjado em nosso DNA a
milhares de anos atrás, a automatização do trabalho e com isso diminuição do gasto
calórico diário.
Nos últimos anos com o advento da tecnologia, esse processo gera mais
agravantes, o sedentarismo em massa. Não precisamos mais caçar, sair para
comprar o alimento a era do “fast food†e “delivery†vem a tona e com ela inúmeras
doenças, dentre as mais alarmantes, a obesidade.
O maior aliado durante anos a fio dessa guerra de controle da obesidade foi o
apelo ao não sedentarismo, ao incentivo da pratica de atividades fÃsicas e mudanças
de hábitos alimentares. Durante muitos anos se atribuiu o aumento da obesidade
relacionando a ao sedentarismo. Essa teoria fundamentada em vários artigos mas
sempre erroneamente interpretada tem pouco contribuÃdo para a diminuição ou
controle dessa pandemia chamada obesidade.
Durante muitos anos o tecido adiposo foi visto apenas como um tecido de
armazenamento de gordura, hoje é sabido que ele tem um papel de atuação muito
maior no metabolismo não apenas fornecendo energia, mas também como um
grande ativador metabólico, ajustando varias alterações neuroendócrinas. Nos dias
atuais o equivoco está relacionado à relação do exercÃcio fÃsico aeróbico e suas
alterações no tecido adiposo.
O exercÃcio aeróbico é ainda muito utilizado para o controle e diminuição da
gordura corporal, mas como será demonstrado não é a forma mais eficaz de
emagrecimento.
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Dessa forma faz se necessário compreender cada substrato energético e sua
real finalidade relacionada ao suprimento energético do organismo no exercÃcio de
baixa, moderada e alta intensidade.
Buscando a comprovação dos fatos expostos acima, este artigo foi elaborado
através de pesquisa bibliográfica em livros e artigos cientÃficos.
2. METABOLISMO
O metabolismo humano é formado por duas fases distintas e complementares
a fase anabolismo ou de construção e reparo e a fase catabolismo ou degradação.
Durante os perÃodos de repouso e atividade ocorre a variação desses estados
metabólicos Clique Aqui e dessa forma os recursos energéticos são utilizados e repostos
continuadamente. Dentre os substratos energéticos mais utilizados estão a glicose e
a gordura. (LEHNINGER, NELSON, COX, 1995).
2.1 Glicose sanguÃnea
Moeda corrente de combustÃvel mantém os órgãos e funções vitais em pleno
gozo de função, não utilizada como forma primordial de combustÃvel em exercÃcios,
somente em extremos. Quando utilizada em demasia deixa o individuo
hipoglicêmico, diminuindo o metabolismo e levando ao desmaio como defesa para
que órgãos possam manter se em funcionamento e o organismo não padeça.
(GUYTON, HALL, 2002; BERNE et al, 2004)
2.2 Glicogênio Hepático
Reserva glicÃdica em momentos de curto perÃodo sem ingesta alimentar, é o
que mantém sua glicemia em nÃveis normais durante os perÃodos entre refeições.
Por isso a primeira refeição após uma noite de jejum de 8 horas é essencial para
que possamos compensar a perda noturna desse glicogênio. (GUYTON, HALL,
2002; BERNE et al, 2004)
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2.3 Glicogênio Muscular
Reserva glicÃdica utilizada como meio para manter se a contração muscular
no maior vigor possÃvel seja num exercÃcio cÃclico “ciclo ergômetroâ€, “caminhada†e
“corridas†ou ainda num exercÃcio dinâmico ou estático de resistência de força
“Musculaçãoâ€.
Por esse motivo perdemos o desempenho quando essa reserva diminui
exponencialmente, tendo ainda mecanismos distintos que contrabalanceiam e
sinalizam fadiga muscular não permitindo a drenagem total desses combustÃveis.
(GUYTON, HALL, 2002; BERNE et al, 2004; MCARDLE, KATCH, KATCH, 1998;
WILMORE, COSTILL, 2001)
2.4 TriglicerÃdeos
Reserva lipÃdica subcutânea em indivÃduos saudáveis e intra-abdominais em
obesos, constantemente utilizada para manutenção do organismo, e em perÃodos
mais prolongados de jejum, quando o alimento se torna escasso e a alimentação
não é frequente. Primeiramente é convertida em 3 moléculas de ácidos graxos que
subsequentemente serão transportadas até o local de necessidade energética. Não
é e nunca foi fonte primordial de combustÃvel em exercÃcios. (MCARDLE, KATCH,
KATCH,1998; WILMORE, COSTILL, 2001; LEHNINGER, NELSON, COX, 1995;
CURI et al, 2002;
2.5 Ãcidos graxos intramusculares
Reserva lipÃdica próxima a áreas de utilização energética e chaves de cadeia
metabólica “mitocôndriaâ€. Utilizada em conjunto com a glicose em exercÃcios de
todas as intensidades na fosforilação de ATP’s permitindo uma maior economia
energética devido a grande riqueza calórica de cada molécula lipÃdica. (MCARDLE,
KATCH, KATCH,1998; WILMORE, COSTILL, 2001; LEHNINGER, NELSON, COX,
1995; CURI et al, 2002, ).
3. METABOLISMO NO REPOUSO E EXERCÃCIO
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O anabolismo é composto por duas fases distintas o anabolismo e o
catabolismo. Essas fases se intensificam no exercÃcio sendo o catabolismo
aumentado durante a atividade através de determinados hormônios, fazendo com
que o organismo produza e libere a maior quantidade de energia necessária com a
maior eficiência possÃvel no perÃodo de recuperação, devido ao retorno do perfil
hormonal do repouso, o organismo entra numa fase de anabolismo que é
potencializa por um perfil hormonal caracterÃstico. Nessas fases metabólicas
destacam se algumas situações que são imprescindÃveis e são as responsáveis pelo
êxito no processo de emagrecimento. (MCARDLE, KATCH, KATCH,1998;
WILMORE, COSTILL, 2001; LEHNINGER, NELSON, COX, 1995; CURI et al, 2002;
).
3.1 Lipólise
Quebra de triglicerÃdeos em ácidos graxos e glicerol permitindo a utilização da
gordura armazenada pelo organismo. A Lipólise aumenta na presença de
simpaticomiméticos, adrenalina e noradrenalina e hormônios como o glucagon e
diminui na presença de lactato e hormônios como a insulina. A lipólise aumenta
também quando o consumo de oxigênio esta com valores próximos a 25% de seu
máximo. No sono e no jejum prolongado temos a maior taxa de lipólise. (MCARDLE,
KATCH, KATCH,1998; WILMORE, COSTILL, 2001; LEHNINGER, NELSON, COX,
1995; CURI et al, 2002; ).
3.2 Beta oxidação
Ocorre na mitocôndria e é a metabolização das moléculas de ácidos graxos
até formação de água e CO2. Quanto maior a intensidade do exercÃcio maior será a
degradação â€oxidação†de ácidos graxos. Assim quando a intensidade do exercÃcio
está aumentada, também aumenta se a taxa de oxidação e consequentemente a
taxa de gordura oxidada aumenta. (MCARDLE, KATCH, KATCH,1998; WILMORE,
COSTILL, 2001; LEHNINGER, NELSON, COX, 1995; CURI et al, 2002;
)
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3.3 Unidades metabólicas
O metabolismo no exercÃcio pode ser quantificado e classificado através de
uma unidade de medida relacionando o gasto calórico e o substrato energético
predominante, essa unidade é conhecida como consumo máximo de oxigênio,
expressada com a seguinte abreviação, Vo₂máx, sendo essa unidade a medida
máxima de oxigênio que o organismo consegue transportar e metabolizar
,geralmente é expressa em litros ou mililitros de oxigênio por minuto ou ainda em
forma relativa, levando o peso do individuo em consideração e expressando o
consumo de oxigeno em mililitros por quilo por minuto. Para cada litro de oxigênio
consumido são metabolizadas cinco calorias. (MCARDLE, KATCH, KATCH,1998;
WILMORE, COSTILL, 2001).
Quanto maior o consumo de oxigênio que um individuo possui maior será sua
capacidade aeróbica, e maior a quantidade de gordura que será metabolizada.
Quanto maior o consumo de oxigênio, maior será o percentual da participação da
gordura como fonte energética no gasto calórico total do exercÃcio. (MCARDLE,
KATCH, KATCH,1998; WILMORE, COSTILL, 2001).
No quadro abaixo pode se observar as variações nos valores de consumo
máximo de oxigênio de pessoas com morbidades até atletas
Colocando no máximo emagrecer com LIPOBLACK